Frustração
Política...
Ontem
(15 de Maio) senti-me envergonhado por pertencer a um povo que
elege governantes como os que temos. Senti-me revoltado com os nossos políticos,
digo pseudo-políticos, que é como devem ser classificados, em abono da
verdade. Política
deve ser entendida como o governo racional e regulamentado do estado.
Ora,
ontem vivi, como tantos concidadãos, uma situação que retrata
na perfeição a caricatura do desgoverno que por cá grassa. Quando,
pelas 18horas, necessitei de
percorrer a marginal do Porto (direcção Foz – Campanhã) de automóvel,
deparei-me com o caos provocado no trânsito pelo pomposo cortejo de uma
vasta comitiva proveniente do edifício da antiga Alfândega do Porto. Na
verdade, demorei mais de uma
hora do que seria razoável; o meu irmão perdeu o comboio que partiu às
19 horas para Lisboa e, como
se não bastasse, não cumpri as minhas obrigações profissionais. Tudo isto
porque os políticos não o foram, uma vez mais. Um político, governante racional por definição, tem obrigação de planear e programar traçados rodoviários alternativos de modo a desviar o trânsito dos locais onde ele mesmo cria situações que o tornam impossível. Isto se acreditarmos que este aparato é necessário, porque é meu entender que isso é – no mínimo – discutível. Não esqueçamos que o governo tem obrigações para com os seus cidadãos. O exercício do governo é suposto ser um serviço inerente ao desempenho social do cidadão. Sim, trata-se dos mesmos políticos/governantes que, há poucos dias, nos manifestavam, de modo tão grave, tantas preocupações com os pobres cidadãos necessitados dos transportes públicos para chegarem aos seus empregos. A inquietação foi tal que serviu de motivo/pretexto para fazer uma requisição civil de trabalhadores em greve. São, também, os mesmos que fazem de conta que não é vergonhosa a violência que ocorre em recintos desportivos debaixo do nariz do próprio Ex.mo Sr. Ministro da Administração Interna. O mesmo que usa essa mesma violência como pretexto para transmitir jogos de futebol. Claro que o povo agradece, e alguns adormecem. Já agora, devo dizer que começo a perceber as causas da hipoacusia que tanto aflige os nossos governantes. É que, como eles não dão ouvidos aos cidadãos quando estes se lhes dirigem civilizadamente, estes acabam por se sentir obrigados a comunicar através de um código, especialmente concebido para falar com governantes autistas, composto por símbolos estridentes – o chamado buzi não.
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